domingo, 14 de junho de 2015

Como fazer intercâmbios (ou ir para eventos, reuniões, fazer estágios ...) com bolsa

Depois de um bom tempo sem postar, vou escrever um post que sempre cogitei escrever mas batia a preguiça. Após minhas pequenas férias, acho que vai rolar. Será grande mas vocês podem pular para as partes que acharem mais interessantes (vou listar por destino / atividade). 

Enfim, quem me conhece melhor sabe que eu já morei em alguns países e viajei para uns outros... quase sempre com algum apoio financeiro externo. A pergunta sempre é: mas como faz? Agora com o fenômeno do Ciência sem Fronteiras (CsF) não parece tão distante mas este post serve para as pessoas que:
  • Não podem fazer intercâmbio pelo CsF;
  • Já fizeram intercâmbio CsF e querem fazer outro;
  • Quem quer uma experiência diferente.
Eu sempre tive uma enorme vontade de viajar e conhecer o mundo, passava horas programando o meu "mochilão pela Europa" no primeiro ano da faculdade (tempo sobrando), sendo que eu nem sonhava em conhecer o continente tão cedo. Não demorou tanto assim para a primeira oportunidade de viajar surgir.

Manaus (Brasil) - ENAPET - Julho 2009

Rio Amazonas
Logo que entrei na faculdade me interessei pelo PET (Programa de Educação Tutorial). Demorei algumas semanas para ir na primeira reunião pela timidez, mas em Abril ou Maio já me aventurei. O primeiro evento PET que fui na verdade foi o SudestePET em São Carlos, mas vindo de Araraquara não consigo considerar como uma viagem. Não fui no ENAPET este ano, apesar de ser em Campinas, pois meu primo iria casar. No ano seguinte o SudestePET foi em Uberlândia e lá fomos nós. Foi uma viagenzinha já, mas ainda não era uma viagem com turismo e direito a passeio de avião. 

O ENAPET Manaus aconteceu em Julho, e desde o início do ano eu já era bolsista PET. Não lembro agora o valor da bolsa época, uns R$ 250 ou R$ 300, mas foi o suficiente para pagar minhas despesas em Manaus. Na época meus pais também ajudaram um pouco e a universidade, por ser um evento PET, forneceu algumas passagens (3) ao grupo. Como eram 4 participantes e 3 passagens, até que o valor ficou bem acessível. Eu, e toda minha inexperiência, comprei milhares de presentinhos e coisas inúteis (quase não couberam na mala)... vivendo a aprendendo. 

Conclusão: Se você for participar de um evento ligado à sua universidade ou uma atividade da sua universidade, sempre tente conseguir verba com eles. Neste caso tive pouco envolvimento com o pedido, mas percebi que era algo possível e já peguei um pouco de experiência.

Cambridge (Reino Unido) - Estágio na University of Cambridge - Janeiro 2010

No começo do ano ainda, descobri que meu ex (então namorado) iria passar 06 meses na Alemanha. Eu, que já tinha vontade de ir para a Europa, comecei a pensar: "Bom, é impossível ir a turismo, isso é um fato. Talvez eu possa ir de outra forma." Foi assim que começou a busca por estágios remunerados na Europa, mas no final das contas já estava procurando estágios no mundo inteiro.

Addenbrooke's Hospital, onde ficava o laboratório
que eu trabalhava em Cambridge
Fui pegando o jeito das buscas no Google e aprendi que, ao menos na época, eu deveria procurar por "studentships" ou "internships" + "undergraduate" + área de interesse. Após alguns milhares de emails (ok, nem foram tantos assim) recebi uma resposta semi positiva de um professor português do Centre for Trophoblast Research da University of Cambridge

Acho que agora eles nem possuem o programa mais mas na época pagavam cerca de 100 libras por semana (posso estar viajando, mas acho que era algo do gênero) para os estagiários. Você deve estar pensando ai: "Mas 100 libras por semana em Cambridge não paga todas as suas despesas". Bom, em uma situação normal realmente não, mas eu tive muita sorte. Não sei exatamente o motivo, mas meu orientador estava pensando me recepcionar estudantes na casa dele e queria um "cobaia" (isto é, eu). Ele me convidou para ficar com a família dele (esposa, filha e filho) sem qualquer custo. Muitas vezes eles ainda pagavam meu jantar (por mais que eu quisesse pagar, eles não deixavam). Neste caso as 100 libras eram mais que suficientes para todos os meus gastos em Cambridge e ainda conseguia fazer uns mini-passeios nos finais de semana para Londres, Oxford (na casa de uma amiga do laboratório), Oslo (promoção da Ryanair), etc. 

No caso o que tive que pagar por fora foi a passagem aérea, mas, se não tivesse optado por viajar, teria sido possível usar o dinheiro do "salário" para ajudar a pagar a passagem. Na época, meus pais me ajudaram. O dinheiro da bolsa PET que havia juntado durante o ano também ajudou com os custos dos passeios (poderia ter usado para a passagem, se fosse o caso).

Conclusão: As vezes o que precisamos é um objetivo e muitas horas de buscas no Google e enviando emails. Isso e uma mente aberta. Tem uma grande chance que você encontre uma oportunidade bem legal, mesmo que não seja 100% o que você estava esperando. Existiam outras bolsas com outros requisitos que davam mais auxílios aos estagiários (especialmente nos EUA), mas no meu caso essa que deu certo. 

Uma coisa que você deve estar se perguntando agora é: mas e o inglês? Bom, quando eu tinha 8 anos meu pai foi fazer pós doutorado nos EUA e eu, claro fui junto. Foi assim que aprendi inglês e... assim foi. 

"E se eu não tive essa oportunidade?". Bom, uma amiga minha da faculdade, a Nathalia Vieira (quem sabe ela conta a história dela depois) não teve. Ela aprendeu inglês sozinha com a internet e os jogos de videogame. Importante é ressaltar é que muita gente não fala inglês bem e mesmo assim conduz pesquisas no exterior. Pode parecer incrível, mas nada é impossível. Claro, você precisa saber pelo menos a um nível intermediário, mas não precisa ser fluente não dependendo da situação (tem bolsas e bolsas). 

Vigelandsparken, Oslo
Outra pergunta comum é: "Mas como é o processo para conseguir isso?". Varia muito, é a melhor resposta. No meu caso foi até que bem informal, no entanto, tive que providenciar algumas cartas de recomendação que foram do meu tutor do PET e da minha orientadora de estágio em laboratório (só comecei lá por conta deste estágio na verdade). Como toda a comunicação inicial foi em inglês e eu havia mencionado as minhas experiências, nenhum documento adicional foi necessário. 

Conclusão 2: Temos que trabalhar com o que temos, e o que não temos nós criamos. Eu sabia o inglês, mas não tinha experiência em laboratório ou com genética (e nem tinha uma pessoa para escrever minha segunda carta de recomendação). Por isso, comecei um estágio no Brasil no laboratório de genética da UNESP com a professora Raquel. No final das contas, fiquei todos os meus anos de graduação neste laboratório e ainda fiz meu TCC lá. 

Conclusão 3: Contatos na faculdade são muito importantes. Não ser um bom aluno tem sim suas desvantagens e não são apenas as notas que ficam marcadas no seu histórico. Além disso, participar de atividades extra-curriculares abrem portas bem maiores do que podemos imaginar. 

Viajando pelo Brasil com o PET:
  • Rio de Janeiro (Brasil) - SudestePET 2010
  • Natal (Brasil) - ENAPET 2010
  • Águas de Lindóia (Brasil) - I Fórum USP-UNESP de Educação Tutorial 
  • Curitiba (Brasil) - Intercâmbio PET com a UFPR
  • Alfenas (Brasil) - SudestePET 2011
  • Palmas (Brasil) - ECONPET 2011
  • Maceió (Brasil) - ENEPET 2011
  • Goiânia (Brasil) - ENAPET 2011
  • Vitória (Brasil) - SudestePET 2012
Agora vou tentar resumir a minha trajetória pelo PET (saiba mais sobre o PET aqui) e mostrar como consegui bancar todas as viagens (e mais uma, que explico no final). No evento SudestePET 2010 no Rio de Janeiro, ocorreram as eleições para o Conselho da CENAPET. Estive presente no ENAPET 2009 em Manaus em que assunto foi o estatuto e por isso tive alguma noção do que se tratava. Concorri e fui eleita para o Conselho, sendo representante discente da região Sudeste. Neste caso minha função só começaria após o ENAPET 2010 em Natal. Como ocorreu no ano anterior, a universidade novamente ajudou a custear algumas passagens e com o dinheiro da bolsa pagamos o resto (acredito que tivemos aumento da bolsa neste meio tempo). Alias, a bolsa PET ajudou a custear todos os eventos mencionados neste longo post, então não vou repetir isso sempre ok? 

Parque das Dunas, Natal
Após assumir em Natal, e tendo conhecido lá algumas pessoas mais experientes nestes assuntos de conseguir dinheiro alheio (aka Daniel), enviei junto com o Sacola (Eduardo, na época da CENAPET) um pedido para a reitoria para ir nos eventos regionais do PET em 2011. Vale ressaltar que nesta época já havia sido eleita pelos membros do conselho como Presidente do Conselho da CENAPET.

A reitoria da UNESP retornou com o nosso pedido bem na época do Natal dizendo seria possível ajudar com metade do valor mencionado (cerca de R$2500) e as faculdades poderiam ou não ajudar com o restante. A minha faculdade disse que ajudaria com 1/4 e a faculdade do Eduardo disse que ajudaria com a outra metade. 

Pouco depois dessa notícia, o PET havia programado já um intercâmbio com o PET Farmácia da UFPR e lá fomos nós para Curitiba. Não houve nenhum auxílio da universidade neste caso, mas ficamos na casa da tutora do PET deles e a passagem custou um total de R$ 80 ida e volta (foi logo que começou a Webjet). 

Voltando do intercâmbio começaram os eventos: Maceió, Palmas, Alfenas e por fim Goiania. No final, ainda sobrou do meu dinheiro com a universidade e pedi para usar no Encontro Nacional de Estudantes de Farmácia em Fortaleza, e eles deixaram! Eu diria que em cada viagem eu gastei no máximo uns R$ 200 do meu bolso com alimentação sem nota fiscal (pois tinha reembolso caso houvesse a nota fiscal eletrônica) e qualquer outra bobeirinha/turismo que a gente conseguisse encaixar (sempre respeitando a nossa obrigação de estar lá representante a CENAPET, com a verba da UNESP). 


Intercâmbio PET em Curitiba
Conclusão: O "não" você já tem! Eu poderia não ter pedido dinheiro para a universidade, e nunca teria tido estas oportunidades. Eu poderia ter deixado a verba que sobrou, mas resolvi pedir novamente (nessa época eu já estava BFF das pessoas envolvidas no processo né?) e novamente eles aceitaram. 

Conclusão 2: É impossível ganhar qualquer coisa sendo um vagabundo que não faz nada. Ok, não impossível, mas mais complicado no mínimo. Se eu não tivesse sido eleita para o Conselho e estivesse fazendo meu trabalho, eu provavelmente não conseguiria essa verba com a universidade.

No ano seguinte ainda fui para Vitória (de ônibus, foram lá suas 20 e tantas horas) no SudestePET. Eu iria neste ano ao ENAPET em São Luis mas o destino não permitiu (aka CsF).

Camrose (Canadá) e Edmonton (Canadá) - Intercâmbio pelo CsF - Setembro de 2012 até 2013

O ano de 2012 seria o ano que eu deveria, no meio do ano, fazer meu estágio curricular final. Mas também foi o ano do "boom" do CsF. O primeiro edital que eu tentei foi para os EUA, gastei uma grana com o TOEFL para levar um pelo não de quem? Da UNESP. O edital exigia no máximo 80% dos créditos concluídos e eu teria na época da viagem 80,5%. A UNESP sendo bem rígida não aprovou o meu processo (sim, pelos 0,05%). Tentei argumentar que largaria uma matéria para ficar abaixo dos 80% mas não teve choro.

Banff, Alberta, Canadá
Alguns meses depois, uns 2 talvez, saíram novos editais e desta vez eles permitiam até 90%. Eram muitas opções e escolhi o Canadá, edital CALDO. Eu fiquei na dúvida entre os dois editais mas escolhi o do CALDO pela garantia de que iria para universidade boa. 

Se a experiência nos EUA teria sido melhor eu não sei, mas com certeza minha experiência no Canadá foi incrível! Além das matérias que consegui cursar, as quais ajudaram muito no meu "entendimento de mundo" (pois não eram as típicas matérias de farmácia voltadas para a parte científica), conheci lugares incríveis e pessoas maravilhosas. Apesar de Alberta ser um pouco isolada (na verdade tudo no Canadá é praticamente já que o país é enorme), conhecemos Banff, Drumheller, Edmonton (onde morei para realizar meu estágio no Alberta Diabetes Institute), Vancouver, San Francisco e San Diego (os 3 últimos durante o recesso de final de ano). 

Sr. Secretary-General, Ban Ki-Moon
Durante meu tempo no Canadá também consegui uma oportunidade de ir a um evento incrível, o CSW57 (fifty-seventh session of the Commission on the Status of Women) que ocorreu em Nova York. Foi minha primeira experiência em um evento da ONU e espero que a primeira de muitas. Viajar do Canadá para NY é com certeza muito mais viável que viajar para lá do Brasil, então... E meu irmão tinha umas milhas ainda. 

Conclusão: Não desista se de primeira não der certo. Pode dar certo depois, e ser melhor ainda.

Holanda / Bélgica / Disney Paris - Congresso da IPSF - Agosto 2013

Logo que eu cheguei no Canadá, me envolvi com a IPSF (International Pharmaceutical Students' Federation) pois o Lucas da UNESP estava envolvido e achei interessante. O congresso da IPSF seria na Holanda no ano seguinte e bom, ir para a Holanda é caro, e o congresso da IPSF mais caro ainda (ok, um pouco menos, mas ainda caro). 

Utrecht, Holanda
A minha universidade no Canadá tinha um programa de auxílio e em Outubro de 2013 (pois é, logo que cheguei) me inscrevi e olha só: ganhei o valor máximo de auxílio! O auxílio não cobriu todos os custos do congresso + LIT (pre-evento, o Leaders in Training) + passagem, mas ajudou muito. Economizando um pouco aqui e ali, mais umas milhas para a passagem, no final deu tudo certo. Com mais um pouquinho de economia ainda consegui nessa viagem conhecer a Bélgica e a Disney em Paris (péssima!). Lá na Holanda também fui eleita para o cargo de Regional Projects Officer do escritório Pan Americano da IPSF, o que abriu mais portas. 

Conclusão: Pode parecer absurdo, mas tente! Imagina eu, 1 mês de universidade e nem era uma "aluna" oficialmente lá (era pelo intercâmbio), ainda assim consegui um bom auxílio para ir no evento da IPSF. 

San José (Costa Rica) - Estágio na Sanigest - Março 2014

Cheguei do CsF sem rumo. Na verdade, eu terminei meu TCC e colei grau, e então fiquei sem rumo. Neste meio tempo eu sequer sabia exatamente o que fazer da vida e uma amiga da IPSF havia recomendado a empresa de consultoria Sanigest International para um estágio. Fui dar uma chance e mandei um email, já que o site não tem tantas informações. 

Manuel Antonio, Costa Rica
Para a minha surpresa, meu email foi muito bem recebido e melhor ainda, o estágio oferecia um auxílio de US$ 600 para passagem aérea e US$ 600 mensais. O valor da passagem seria quase suficiente se eu não tivesse feito uma volta louca para participar da World Health Assembly em Genebra na Suiça (fiz uma parada em Atlanta no caminho ainda). 

O valor mensal é suficiente se você morar perto mas dividir quarto em um albergue ou morar longe. Não será suficiente para ficar viajando mas só San José já tem inúmeras atividades para os finais de semana livres. Viajar também não é tão caro, caso você consiga levar um dinheirinho reserva. Consegui ir para Manuel Antonio (costa oeste), Cahuita (costa leste), ao vulcão Irazú e ao vulcão Arenal (local conhecido pelas águas termais). Enquanto em Cahuita, conheci o Sloth Sanctuary, que era um sonho. Agora preciso voltar para conhecer pelo menos Tortuguero. 

Conclusão: Dê uma chance para as empresas e locais desconhecidos. A experiência pode ser incrível tanto a nível profissional quanto pessoal. A Costa Rica é uma país lindo e se eu puder, volto um dia para conhecer melhor. A empresa em si é super aberta aos estagiários e dão tarefas reais para eles (não é no estilo "busque o café"). 

Posts no blog sobre a Costa Rica: 


Bangkok (Tailândia) - Congresso da FIP - Setembro 2014

Ainda na Costa Rica descobri a oportunidade de uma bolsa para ir ao congresso da FIP (International Pharmaceutical Federation). Sabe aqueles emails que você recebe e nunca dá muita bolsa? Pois é. Se tratava de um auxílio novo chamado Ton Hoek Scholarship for Global Leadership

Esse eu tinha certeza que não daria certo pois na minha mente eu não preenchia os pré-requisitos
estabelecidos. Mas tentei. Acabou que não só eu preenchia os pré-requisitos como eles gostaram dos meus argumentos e me escolheram. No congresso tive até que subir no palco para receber um prêmio, foi complicado. 

Na Tailândia só fiquei mesmo em Bangkok pois entre essa e outras viagens, aquela graninha extra das bolsas não estava rolando mais. Ao menos consegui conhecer vários dos templos da cidade e ficar com um gostinho para voltar e conhecer as praias. Quanto aos gastos pessoais na Tailândia mesmo, estes foram mínimos. Tudo referente ao congresso (inscrição, hotel, alimentação, etc) foram pagos pela bolsa. Fora isso, fiquei apenas 2 dias a mais e como devem saber, a Tailândia é um país bem barato. 

Conclusão: Essa vai além do "o não você já tem". Na verdade quando os pré-requisitos são estabelecidos, eles vão com a interpretação de quem os estabelece. Talvez você se julgue de uma forma e a pessoa lendo os seus documentos interpreta de outra. Ou então, ela pode simplesmente ignorar os tais pré-requisitos pois gostou de outras coisas que você tem para oferecer. Seja qual for o caso, não se deixe levar pelo o que dizem ser necessário (exceto se for realmente muito absurdo, por exemplo, pedem doutorado e você está na graduação). 

Conclusão 2: Eu sempre quis ir no congresso da FIP mas pensa, eu ir parar na Tailândia? Jamais que teria dinheiro para isso. Assim, procurei nos meus emails todos os que vinham da FIP e olhei todas as opções que o site oferecia. Uma hora achei um, bateu, deu certo, e todos foram felizes para sempre. 

Holanda Outubro 2014 - Genebra Maio 2015 - India Julho/Agosto 2015

Lembra quando eu falei que era uma pessoa de sorte? Pois é. No congresso da IPSF na Holanda eu conheci uma menina dos EUA e somos amigas até hoje. Eu atualmente ocupo o cargo que ela ocupava ano passado de Chairperson of Public Health e eu ajudei muito, muito mesmo. Eu disse que não poderia me candidatar a este cargo pois não teria como ir nos eventos/reuniões, e ela disse para não me preocupar.

Bom, no congresso em Porto fui eleita e a primeira reunião seria em Outubro na Holanda. Não tinha planos de ir até que ela vira e fala que pagaria minha passagem. Opa, como assim? É... eu não sei bem mais o que dizer além disso mas ela ofereceu de pagar e eu aceitei. 

Reunião da IPSF na Holanda
Achei que seria isso e em Dezembro comecei a trabalhar na Belvitur (uma ótima agência de viagens, super recomendo!). Sempre quis ver como era a área e agora seria a melhor hora para ver se é algo que eu gosto ou se era mesmo farmácia. Bom, chegou perto da WHA (World Health Assembly) e recebi a proposta, da mesma amiga, de ir (tendo algumas tarefas a serem executadas lá). Foi o momento de escolher e escolhi ir no evento (e tentar o mestrado em Saúde Pública - já falo dele) e sair da Belvitur. Eu amei trabalhar lá mas no final das contas, tive que decidir. 

Agora, também já emitimos a passagem para o congresso da IPSF na India. 

Conclusão: Contatos, contatos, contatos. Não tem muito mistério pois realmente foi muita sorte conhecer uma pessoa tão generosa assim e que me proporciona oportunidades tão incríveis. Claro, nos EUA eles ganham mesmo muito bem sendo farmacêuticos mas acredito que a maioria não pensaria em ajudar uma pessoa de outro país cujo salário é bem menor. 

Conclusão 2: A cada escolha, uma consequência... é a vida. 

Planos do Futuro Próximo: Erasmus e AMEE Conference

Com o trabalho da IPSF, acabei trabalhando também com a IFMSA (estudantes de medicina) e enviamos um abstract de workshop para a AMEE Conference que ocorrerá em Glasgow em Setembro. O abstract foi aprovado mas faltava a verba, até que me candidatei para a Student Taskforce do evento em que os alunos recebem 500 euros para os gastos (o que claro, não cobre as despesas né?). Pois é, falei que não poderia ir ao evento com o auxílio de 500 euros exceto se tivesse outra forma de financiar a ida. 

Pois bem, eu havia me inscrito para o Europubhealth, o mestrado em saúde pública do Erasmus. Se fosse aprovada a bolsa, meu primeiro ano seria em Sheffield (UK) e o segundo ano em Paris (França). No dia limite para dar a resposta sobre a AMEE Conferece, recebi a resposta positiva sobre o Erasmus! Faltando no máximo 5h!! 

A bolsa Erasmus é de 1000 euros por mais além de um auxílio inicial para os gastos com visto, passagem e afins. O problema, claro, é que o dinheiro só vem quando eu chegar na Inglaterra mas... a gente se vira de alguma forma. Então, em Setembro, me mudo para o Reino Unido e fico na Europa (com bolsa!) até mais ou menos Agosto de 2017. 


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Comentários finais:

Sim, tive sorte em muitos aspectos e tenho pais que podem facilitar um pouco o processo sim. Mas, como vi em um TED Talk hoje mesmo: "We don't have a lack of resources, we have a lack of resourcefulness". Em muitos aspectos meus pais não me ajudaram e nem poderiam ajudar, e nem por isso eu deixei de buscar formas para que as coisas acontecessem. 

Eu conheço pessoas em situações financeiras piores que as minhas mas que nem por isso se abalam ou deixam de buscar (e alcançar) seus sonhos. Gente que vivia, literalmente, com a bolsa PET (~ R$ 300). A jornada pode ser mais complicada mas você chega lá. Antes que falem "Mas e a pessoa que passa fome e não pode pagar nem o bus para a faculdade?". Olha, realmente, essa pessoa terá dificuldade, não nego não. O que quero mostrar aqui são algumas formas de alcançar seus objetivos mas elas deverão se adaptadas à realidade de cada pessoa. O que não pode acontecer é ficar parado e esperar que tudo dê certo, pois isso não acontece não... sei lá, talvez se você nasceu em um berço de ouro pode ser. 

Caso tenham dúvidas ou queiram saber mais sobre alguma das experiências especificamente, só deixar um comentário aqui no blog que eu respondo. Boa sorte a todos na busca de o que quer que estejam buscando, seja um intercâmbio, uma ida a um congresso, um estágio, etc. 

Genebra







Série de Vídeos: Mestrado Erasmus

Como estou de férias no Brasil, resolvi usar o tempo livre para gravar alguns vídeos sobre a minha experiência deste primeiro ano no Erasmu...