quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Erasmus vs Ciência sem Fronteiras: minha experiência

Agora já se passaram algumas semanas aqui na Inglaterra e achei interessante comparar dois grande programas: Erasmus vs Ciência sem Fronteiras. O post ficou bem grande mas vocês podem pular para as partes que acharem mais interessantes.

Geral

Ciência sem Fronteiras: "Ciência sem Fronteiras é um programa que busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. A iniciativa é fruto de esforço conjunto dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC), por meio de suas respectivas instituições de fomento – CNPq e Capes –, e Secretarias de Ensino Superior e de Ensino Tecnológico do MEC". 

Erasmus+: "O programa Erasmus+ tem por objetivo reforçar as competências e a empregabilidade, bem como modernizar a educação, a formação e a animação de juventude. O programa, que abrange um período de sete anos, disporá de um orçamento de 14,7 mil milhões de euros, o que representa um aumento de 40% em relação aos níveis de despesa atuais, em consonância com o compromisso assumido pela UE de investir nesta área".

Ambos possuem programas voltado para alunos de graduação, mestrado e doutorado. Vou tentar comparar aqui os dois, mas lembrando que eu tive bolsa do Ciência sem Fronteiras de graduação (CALDO, Canadá) e do Erasmus de mestrado (Europubhealth).


O dinheiro: Existem diferenças significativas e importantes entre os dois, pela minha experiência. 

Ciência sem Fronteiras: O primeiro pagamento de bolsa do Ciência sem Fronteiras aconteceu pouco tempo antes da minha viagem para o Canadá. No meu caso, o edital foi um pouco corrido mas sei de outros editais em que as pessoas receberam com uma boa antecedência. Dessa forma, é possível usar o dinheiro para pagar seguro, visto e passagens sem ser um enorme impacto no orçamento (claro, depende muito da situação do seu edital). De qualquer forma, todos (exceto excessões) chegam no seu país de destino já com o dinheiro da bolsa. Um ponto negativo é que a primeira bolsa vem em reais levando à perdas com as conversões. 

Erasmus+: O pagamento da bolsa Erasmus foi realizado somente aqui na Inglaterra, quase 1 mês depois. Isso em partes é devido ao sistema inglês pois só é possível abrir uma conta no banco após estar 100% registrado na universidade (e isso tem um dia certo para acontecer). Após o envio dos dados do banco, o Erasmus demorou cerca de 15 dias para enviar o dinheiro (que demora alguns dias para chegar). O mais surpreendente foi quando enviei um email cobrando o dinheiro (pois tinha que pagar aluguel) e pediram desculpas, dizendo que estava atrasado pois estavam muito ocupados. Eu passar fome tudo bem né (só não passei pois tenho uma família que pode me ajudar)?

Bolsa de graduação:
  • Ciência sem Fronteiras: 870 libras ou 420 libras (com alojamento pago pelo programa) + 400 libras do adicional de localidade
Bolsa de doutorado:
  • Ciência sem Fronteiras: 1300 libras + 400 libras do adicional de localidade + 200 libras acréscimo para dependentes (max 2)
Bolsa de mestrado:
  • Erasmus: 1000 euros (~ 720 libras)
Isto é, a menor bolsa do Ciência sem Fronteiras (graduação) ainda é maior que a bolsa de mestrado do Erasmus+. No meu caso, se eu fosse morar na universidade pagaria cerca de 500 libras por mês e portanto a bolsa seria cerca de 920 libras. No caso do Erasmus também não existe a opção de adicional de localidade, dependentes, nada disso. É 1000 euros e pronto. 

Sendo assim, financeiramente falando a bolsa do Ciência sem Fronteiras é muito melhor que a bolsa Erasmus (ao menos para quem vem para a Inglaterra).

O diploma: Novamente, vou comparar a nível de mestrado. No caso de quem faz um mestrado full pelo CsF (acho que nem tem como mais, mas digamos que tenha), você sairá com um diploma de uma universidade específica. As vantagens são que você aproveita 100% o curso em uma universidade e isso também facilita um pouco a vida, afinal, lidar com burocracias de várias instituições não é nada agradável.

No caso do Erasmus, o aluno sai com pelo menos dois diplomas (pois é obrigatório passar por pelo menos 2 países em um mestrado do Erasmus). No meu caso terei meu diploma da universidade na Inglaterra e um da universidade na França, além de um complemento explicando todo o processo (pois colocar que eu fiz o mesmo curso em duas universidade no meu CV é um pouco estranho). A vantagem é bem óbvia, ter dois diplomas é ótimo e levarei os mesmos dois anos. Mas, como já dito, lidar com a burocracia de duas universidades em dois países não é nada fácil (por exemplo: ambas tem que concordar com a sua aprovação, você tem que apresentar sempre os documentos 2x, etc).

As oportunidades: Este tópico será super específico para o meu caso pois não tenho condições de falar sobre outros cursos. Portanto, vou comparar o meu MPH (Erasmus, chamamos de EPH) com o MPH normal da University of Sheffield (vamos supor que fosse possível cursar ele com uma bolsa do CsF).

Noite Indiana
A primeira grande diferença está na composição da turma/cohort. O meu cohort é composto de alunos internacionais em sua grande maioria (temos apenas 1 inglês e 18 internacionais) e isso traz muitas oportunidades. Nós criamos os "international nights" em que a cada duas semanas temos um jantar feito por um país com comidas e músicas típicas do mesmo. Além disso, pelo fato de todos estarem "no mesmo barco", isso nos deixou muito mais unidos. O cohort do MPH é composto por alunos internacionais e britânicos, acredito que talvez 50/50 (mas isso é um chute). A vantagem neste caso é ter mais contato com os alunos britânicos.

A segunda grande diferença é mesmo nas características do cohort. Por algum motivo, os alunos do EPH (meu caso) dão opiniões, fazem perguntas e interagem muito mais na aula que os alunos do MPH tradicional. Nós discutimos este assunto um dia e acreditamos que seja pela diferença na seleção e também pelo fato de que todos nós (quase) tivemos que mudar de país para estudar, o que já nos torna diferente (não melhor ou pior) dos alunos do MPH. Acredito que seja mesmo uma questão de personalidade.

O apoio que temos da universidade acredito também que seja um pouco diferente. Por exemplo, nosso "course director" (o responsável pelo programa) tem reuniões semanais com o nosso grupo para discutir assuntos diversos, o que não ocorre no MPH traditional. A desvantagem do EPH é que somos um pouco mais perdidos em termos de burocracias que os alunos do MPH pois temos que obedecer as regras da University of Sheffield, da nossa segunda universidade, do nosso programa e do Erasmus (para os alunos do MPH, são as regras da universidade aqui apenas, o que torna tudo muito mais fácil).

Nós estamos cadastrados na matéria "Dissertation" por exigência da universidade aqui, mas não temos que ir pois só faremos a nossa dissertação no segundo ano. No entanto, o Erasmus exige 90% de presença e a Inglaterra idem (sim, eles verificam se você tem ido nas aulas, sob o risco de ser deportado). Ou seja, ainda não sabemos se somos obrigados ou não a ir às aulas da matéria "Dissertation". Para os alunos do MPH, é muito mais claro.

Uma vantagem e desvantagem do Erasmus é a obrigatoriedade de estudar em dois países diferentes. Primeiro, é uma enorme oportunidade conhecer dois países e duas culturas (especialmente no meu caso de saúde pública, conhecer o sistema inglês e francês é uma enorme vantagem). A grande desvantagem é ter que deixar seus amigos e enfrentar toda a burocracia que vem acompanhada da mudança de país (vistos, fechar conta no banco, abrir conta no banco, a mudança em si, etc).

O reconhecimento e a concorrênciaO Ciência sem Fronteiras até que já é um programa razoavelmente conhecido em diversas universidades no mundo, mas na competição CsF vs Erasmus não tenho a menor dúvida que o Erasmus ganha de longe. No entanto, muitos não conhecem tanto as possibilidade para não-EU do Erasmus, apesar de conhecer o programa de uma forma geral.

Em contrapartida, a concorrência para uma bolsa Erasmus também é muito maior (considerando o meu caso, que era de uma pós-graduação). Com certeza é algo que depende muito da sua área e do nível (graduação, pós, etc) mas tenho a impressão que na maioria dos casos a concorrência para a bolsa Erasmus será maior.

Ps: Não deixe que isso de concorrência te iniba de concorrer. 

Resumo: Bom, estas foram as coisas que consegui pensar no momento mas podem perguntar nos comentários. Claro, isso é baseado na minha experiência e cada programa terá suas peculiaridades (tenho uma amiga fazendo outro mestrado Erasmus e posso pedir para ela contar sobre o programa dela aqui, se acharem interessante - acreditem, a experiência dela é muito diferente!).

Se não ficou claro, na minha opinião, o CsF seria um programa mais "certo": a bolsa vem antes (e é maior), não tem mudança de país e tem menos burocracias para enfrentar. No caso do Erasmus, as dificuldades enfrentadas são recompensadas pelo duplo diploma e pelo maior reconhecimento do programa a nível internacional (novamente, essa é a minha opinião). Qualquer que seja a sua opção (seja por oportunidade ou por escolha), ambos tem vantagens e desvantagens, e cabe a você decidir o que será melhor para você.


terça-feira, 20 de outubro de 2015

University of Sheffield - Orientation Week e a Students Union

Hoje faz, oficialmente, 1 mês que estou em Sheffield! Foi um mês bemmm agitado pois além da mudança para um novo país, a University of Sheffield ainda possui milhares de oportunidades e o Erasmus mais outras tantas. 

Cheguei aqui no dia 15 de Setembro, no meio da Orientation Week (14 à 18 de Setembro). Algumas das atividades são tours pela cidade, pelo campus, pelos prédios principais, etc etc. Eles também fazem palestras sobre assuntos "básicos" como bancos no Reino Unido, responsabilidades do visto Tier 4 (leia aqui sobre minha experiência em tirar o visto Tier 4), segurança, e muitas outras. Por fim, a programação também inclui festas, esportes e "icebreakers" para os calouros/bixos conhecerem pessoas novas. Para quem ficou curioso, é possível ver o booklet desde ano aqui

Também é um bom momento para comentar (já que ouvi isso umas 500x já) que a universidade aqui possui a melhor associação de estudantes (Sheffield Students Union) tem não sei quantos mil anos (só 7, seguidos) e foi votada número 1 em "Student Experience" no Times Higher Education Student Experience Awards. É só ir no site deles para ver as milhares (sem exagero) de atividades que ocorrem todos os dias na universidade (e lá só ficam as maiores). 


Para ver as atividades possíveis para este semestre, veja o livrinho do "Give it a Go", versão Autumn. Por exemplo: jiu jitsu, defesa pessoal, karate (na verdade, tem tipo... todas os tipos de luta e similares), projetos de DYI, introdução à crochê (isso mesmo), curso de como aplicar cílios postiços, tarô e leitura da palma das mãos, coral, dança do ventre, tango (e outros milhares de tipos de dança), xadrez, adeus às abelhas (sim, você leu certo), feminismo 101, terapia do riso e terapia canina, cursos de culinária (vários), cursos de idiomas curtos (5 semanas, vários) além de várias viagens (Harry Potter, Whitby, York, Oxford, Liverpool, Cambridge, etc). São tantas que ficamos até perdidos na verdade. Imagina, todo dia ter a possibilidade de fazer 5 coisas totalmente diferentes? Se tempo e dinheiro não fossem problemas.

Como se as atividades normais não ocupassem já o dia todo, ainda temos as Sociedades (Societies). São grupos estudantis (na UNESP/Farmácia, chamamos de entidades) com temas diversos, dos mais sérios aos mais "normais". Por exemplo, existe da Tea Society que toda semana se encontra para tomar chás diferentes e existe a Friends of Doctors without Borders que promove atividades educacionais e de arrecadação de fundos para o Médicos sem Fronteiras. Se você não imaginava já, também são milhares de societies diferentes (+300). 

Além disso, uma das minhas atividades preferidas é o cinema na universidade em que eles passam filmes em um anfiteatro por um preço menor que o do cinema normal. Os filmes passam toda sexta, sábado e domingo e a programação pode ser vista aqui. Eles também passam filmes para as societies, tipo documentários e afins. Por fim, possuem um programa de rádio em que falam sobre os filmes. 

Isso tudo ocorre (a maioria) em um prédio sinistro que custou nada menos que 20 milhões de libras (a libra está mais de R$6,00 - pensa!). Nele temos diversos restaurantes, escritórios, áreas para estudo, área para reuniões das sociedades/etc, um pequeno mercado, etc etc.
Resumindo: o prédio é enorme para acompanhar as milhares de coisas que acontecem todos os dias. Mas também, diferente das coisas na UNESP, quase tudo é pago. Se for considerar em libras, as taxas são simbólicas, de 1 libras até umas 7 para cursos mais elaborados tipo os de culinária (você pode levar a comida para casa)... ainda assim, é bem diferente do que estou acostumada. Aqui tudo é pago e é normal, ninguém se importa (bom, eu me importo). Felizmente, algumas sociedades relacionadas com saúde não cobram, ou se cobram, fazem para arrecadar dinheiro para uma causa específica). No entanto, para ser membro da AIESEC cobram 20 libras (simplesmente para querer ser voluntário), ai não dá. 

Bom, esse foi o resumo da primeira semana em Sheffield e do básico sobre a universidade. Ainda pretendo escrever sobre a segunda semana (Intro Week), sobre minha impressões Canadá x UK, bolsa Ciência sem Fronteiras x Erasmus e... não sei mais. Se tiverem sugestões, coloquem nos comentários. 


sábado, 26 de setembro de 2015

Police Registration no Reino Unido

Para os desavisados, todos os brasileiros (todos? acredito que sim) com visto tier 4 devem se registrar na polícia em no máximo 7 dias após sua chegada no país. Na verdade, não só brasileiros, mas estudantes dos seguintes países:
Afghanistan, Algeria, Argentina, Armenia, Azerbaijan, Bahrain, Belarus, Bolivia, Brazil, China (inc. Hong Kong & Macao), Colombia, Cuba, Egypt, Georgia, Iran, Iraq, Israel, Jordan, Kyrgyzstan, Kuwait, Lebanon, Libya, Moldova, Morocco, North Korea, Oman, Palestine, Peru, Qatar, Russia, Saudi Arabia, Sudan, Syria, Tajikistan, Tunisia, Turkey, Turkmenistan, United Arab Emirates, Ukraine, Uzbekistan & Yemen.
Qual o motivo deste registro? Claro, não achei nenhum lugar explicando exatamente por que pessoas destes países precisam se registrar... mas podemos imaginar.

Para registrar é necessário levar os seguintes documentos:

  • Overseas Visitor Registration Form (eu levei impresso, mas na universidade eles tinham cópias em branco para preencher);
  • Passaporte original e visto;
  • BRP (eu não tenho um BRP, talvez no futuro eles implementem para brasileiros);
  • Duas fotos (tamanho passaporte);
  • Seu CAS;
  • E... o valor da registration fee em dinheiro (£34). Tinha que ter uma taxa né?
O que eu não sabia é que nesta época do ano a regra dos 7 dias não é válido e os estudantes podem se registrar diretamente nas universidades nos dias/locais determinados. No caso da University of Sheffield seria no dia 23-25 de Setembro ou 2/5 de Outubro. A vantagem de registrar na universidade é que você recebe lá mesmo o Police Registration Certificate (PRC) e, quem se registra na polícia direto, recebe o PRC pelo correio 30 dias depois. Como eu não sabia da regra de que a regra dos 7 dias não é válida, fui na polícia tentar me registrar antes dos meus 7 dias e eles me orientaram a esperar para fazer o processo todo na universidade. 

O que fazer com o PRC? Deixar ele bonitinho e guardadinho em casa, exceto quando for sair do país. Caso seja parado na rua, temos até 48h para apresentá-lo. Caso você mude de endereço (ou fique fora por mais de 2 meses), mude de universidade ou curso, mude de ocupação, mude de estado civil, tenha um filho, mude de visto ou mude de passaporte, você deve se apresentar na polícia para atualizar seu PRC.

O que acontece se eu não me apresentar ou não notificar a polícia de alguma mudança? A multa é nada mais nada menos do que míseras £5.000 e/ou prisão (6 meses). Veja o Immigration Act 1971, Section 26(1). 

Pois é, você achou que depois de pagar uma fortuna no visto suas despesas acabariam? Engano seu. 


domingo, 20 de setembro de 2015

Tirando o visto Tier 4 - Inglaterra

Depois do enorme drama de tirar o visto da Inglaterra (e do enorme rombo no orçamento), lá vai o passo-a-passo (mas vejam outros online, estou fazendo esse pois o processo mudou recentemente e não achei nenhum atualizado - Agosto/2015). 

Primeiro, para começar seu application, você deve iniciar seu processo aqui. Vá em "Register for an Account" (se for o caso, claro), e siga os passos. O primeiro (e mais trabalhoso) passo será completar sua application. Eles perguntam basicamente sua vida inteira, como: dados pessoais (lógico), histórico de viagens (deve listar todos os vistos que já teve para países do Commonwealth e todos os países que esteve nos últimos 10 anos - com datas e afins), dados dos seus pais, dados da sua universidade (se você está na etapa do seu visto, suponho que já tenha seu CAS), etc etc. A University of Sheffield tem também um vídeo explicando sobre os dados a serem preenchidos, veja se sua universidade também possui pois alguns dados são específicos de cada universidade.

Depois de preencher o formulário gigante, os próximos passos são bem simples: assinar a declaração (que as informações são verdadeiras, etc), marcar o dia/horário/local da sua entrevista (lembre-se que você deve ter todos os documentos com você no momento da entrevista e que seu passaporte ficará retido por uns bons dias), realizar o pagamento do IHS (healthcare surcharge), realizar o pagamento das taxas do visto e pronto. Depois é só imprimir a application e levar os documentos no dia da entrevista. 

Quanto eu devo pagar? O pagamento do IHS depende de quanto tempo você ficará no Reino Unido (ou, no meu caso, quanto tempo o seu visto vai durar). Você deverá colocar os dados para que o site faça o cálculo e não, não adianta colocar menos tempo, eles pedem para você pagar a diferença depois antes de liberar seu visto (algumas pessoas do meu programa tentaram isso). 

As taxas são:
  • Estudante: £ 150,00 por ano
  • Outros:  £ 200,00 por ano
Se sua bolsa é diretamente pelo governo britânico, você não precisa pagar essa taxa (comemore!). Se por acaso seu visto seja recusado, você recupera este valor. 

No caso do pagamento do visto, o valor é fixo. A taxa é de £ 322,00 e no meu caso o valor cobrado foi de US$ 515,00. Também existe a possibilidade de pagar um serviço de urgência, serviço de SMS, taxa para entregar seus documentos pelo correio, entre outros. 

Quais documentos levar? Os documentos dependem um pouco do seu caso, mas no geral:
  • Passaporte válido (e se houver passaporte não válidos a menos de 10 anos, também);
  • Confirmation for Acceptance for Studies (CAS): é o documento emitido pela universidade e você usou ele para preencher aquele formulário gigante;
  • Histórico escolar, comprovação de inglês (IELTS) ou qualquer outro documento descrito no seu CAS como sendo necessário  - ele e uma tradução (de preferência juramentada);
  • Carta de concessão da CAPES, do Erasmus, do seu programa de bolsa ou qualquer coisa do gênero (se for o seu caso);
  • Comprovante de renda conforme as exigências do Reino Unido (se for o seu caso);
  • O formulário gigante;
  • Os comprovantes de agendamento e de pagamento do IHS;
  • Uma foto (conforme as regras).
Todos os documentos em português devem estar acompanhados de traduções e todos os documentos devem estar acompanhados de cópias simples (pois eles podem optar por reter o documento e ai só o original estiver disponível, eles ficam com o original mesmo).

Acho que é só mas se lembrarem de algum documento me falem que eu adiciono. 

Como é no VAC? Eu marquei para entregar os documentos no Rio de Janeiro, por isso não sei como seria em outras cidades. Chegando na sala, você é obrigado a apresentar o comprovante de agendamento e a deixar todos os seus pertences (celular, etc etc). No caso você é autorizado a entrar com seus documentos, caneta e dinheiro (dinheiro sempre pode né!). 

Entrando, o primeiro passo foi apresentar seus documentos no guichê. O VAC não fala NADA sobre seus documentos, eles literalmente só pegam e colocam em um envelope. Você é que deve saber se os documentos estão corretos já que a resposta padrão lá parecia ser "Envie os que achar necessário". Depois fui chamada para coletar as minhas digitais, confirmar os dados e tirar uma foto. No final (algumas pessoas fizeram isso antes da coleta de digitais), passei por uma entrevista via "Skype" (não sei qual programa na verdade). A entrevista foi muito tranquila e o meu entrevistador era de Sheffield (onde moro atualmente), parece que ele achou super legal o fato que eu viria para cá e ainda fez recomendações de bairros para morar. Sai da entrevista super confiante. 

O que acontece depois? Como eu paguei pelo serviço de SMS, logo no mesmo dia recebi uma mensagem dizendo: "The visa application for XXXX was forwarded to UKVI on 8/24/2015."

No dia 31/08/2015 recebi então um email avisando que meus documentos chegaram em Bogotá (sim, tudo vai para Bogotá!) e que seriam avaliados quando houvesse um oficial de vistos disponível. Então, no dia 03/09/2015 recebi outro email avisando que um oficial estava cuidando do meu "caso". No dia seguinte, recebi um email avisando que meu visto havia sido processado e que estava voltando para o Brasil.

Ai começa a paranóia né? Depois de ouvir alguns casos de pessoas com visto negado, a cada dia que passava, mais certeza eu tinha que o meu seria também. Enquanto isso (e com o feriado do dia 7), zero notícias do meu visto. Foi só no dia 09/10/2015 (a noite) que recebi um novo SMS avisando que meu visto estava no Rio de Janeiro. Detalhe, dia 10 era uma quinta-feira e meu vôo era na segunda-feira. Fizemos uma peregrinação até o Rio de Janeiro para tentar pegar o visto (já que o VAC não tem número de telefone disponível) mas ele foi enviado para Juiz de Fora dia 10 cedo (e claro, o site dos correios só atualizou lá para o final da tarde). 

Chegou sábado e meus documentos estavam no correio (e eu ainda sem saber se havia sido aprovado ou não). Felizmente, conseguimos pegar o pacote no sábado mesmo (indo no centro de distribuição) e confirmar meu lindo visto. No total seriam 15 dias úteis pois originalmente chegaria na minha casa na segunda-feira, e o prazo que eles apresentam no site é de 15 dias úteis. Ou seja... se puderem deixar uns 20 dias úteis até a data da sua viagem, pelo menos, será melhor (nem sempre é possível, como foi o meu caso). 

Se quiser saber mais informações sobre o visto e evitar qualquer erro nos documentos, recomendo ler Policy Guidance do Tier 4 (não tudo, claro, mas as partes que achar importante). 

Espero que ajude. Não sei muito sobre o processo mas posso tentar tirar dúvidas se surgirem. Se você também tirou visto recentemente e gostaria de deixar alguma dica, deixe nos comentários que eu tento incorporar no texto. 

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Acontecimentos no Marriott de Hyderabad


Não tem muito tempo (2-3 semanas), voltei da India do IPSF World Congress (Congresso Mundial da IPSF, para estudantes de farmácia). É a terceira vez que estive no congresso mas a primeira em que tudo aconteceu em um hotel (já que nos anos anteriores ficamos em universidades). Da India, posso falar um pouco melhor depois... o foco agora foram os acontecimentos estranhos no Marriott. 

"De boas intenções o inferno está cheio”

Já começo defendendo o hotel: eu acho que de fato as intenções não eram super ruins em nenhum dos casos (possivelmente o primeiro). Ainda assim, acho que não foram apropriadas.

Caso 1: O dinheiro roubado & as medidas de segurança do hotel

Alguns estudantes no congresso reclamaram de dinheiro desaparecido (totalizando cerca de 500 euros) e, o hotel, bolou uma medida de segurança genial #not. Até hoje não entendi muito bem qual a lógica, ou se tudo de fato aconteceu conforme as explicações, mas vejamos...

O hotel achou prudente revistar os quartos dos participantes anotando, em uma lista misteriosa (que muitos viram mas que o hotel disse que não existe) as coisas de valor em cada quarto. Claro, ninguém estava no quarto durante essas visitas aos quartos ou sequer foram avisados que isso aconteceria. Como ficamos sabendo? Algumas pessoas, ao chegarem em seus quartos ou ao passar por quarto de amigos, viram pessoas do hotel mexendo em malas e gavetas nos quartos. Conversa vai e conversa vem, o hotel explica que era uma medida de segurança.

A explicação: sabendo os itens de valor dos quartos, eles poderiam saber caso acontecesse algo com os mesmo. Agora, alguém me explica a lógica? Digamos, eu deixo 500 euros no quarto um dia, no dia seguinte levo eles comigo e falo que foram roubados. O que o hotel faria? Entre itens sendo listados estavam dinheiro, jóias, cartões de crédito, eletrônicos e afins. 

Quando chamados para darem explicações, o funcionário do hotel não foi exatamente bem recebido pelos participantes do evento (eu não gostaria de ser ele naquele momento). Ele explicou várias vezes o caso, o que convenceu alguns, não convenceu alguns... mas ficou por isso. No fundo, bem no fundinho acho que a intenção até pode ter sido boa, mas eu não fiquei feliz não (especialmente por não entender a lógica do plano deles). 

Caso 2: Agradecimentos pessoais no Facebook

Essa semana, isto é, cerca de 2 semanas após o congresso, recebemos relatos de uma "estratégia de marketing" super pessoal: os funcionários do hotel adicionando participantes do congresso no Facebook e mandando mensagens! As mensagens eram sim tranquilas, do tipo "Espero que tenha gostado da estadia, se voltarem para India podem dizer que eu ajudo...", nada pervertido. 

O problema: apenas 1 menino recebeu mensagem até o momento (dentre inúmeras meninas) e o mais óbvio, como ele nos achou no Facebook? As teorias dizem que eles nos acharam procurando pelos amigos do Facebook dos membros da organização do congresso, ou, pegaram os nomes em algum banco de dados do hotel e adicionaram as pessoas. Se for o primeiro caso, menos mal. Se for o segundo, acho realmente um absurdo que usem nossos dados pessoais. 

Novamente, acho que a intenção é de fato boa (neste caso mais que o anterior), mas eu pessoalmente não me sentiria confortável com esta situação (não aconteceu comigo). 

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No mais, o hotel é mesmo muito bonito e a comida era boa (apesar de ser indiana, e não internacional, deu para sobreviver). Se eu ficaria lá novamente? Provavelmente não. Eu ficaria em um Marriott novamente? Provavelmente sim.

Piscina do Marriott

Agora as fotos profissionais (do Booking.com):







quinta-feira, 9 de julho de 2015

Europubhealth - A seleção

Agora que o processo de seleção está finalizado oficialmente e estou prosseguindo com o processo do visto, acho que é hora de falar um pouco da seleção do Europubhealth (Mestrado em Saúde Pública do programa Erasmus). Quais os documentos necessários? O que é possível adiantar? 

Começando pelos Admission Requirements
  • O programa é aberto à alunos de diversos cursos sendo exatas, humanas e biológicas. Como saúde pública é mesmo multidisciplinar, o mestrado também é. A única restrição é ter um diploma equivalente à um bacharelado.
  • Possuir um comprovante de proficiência nos idiomas selecionados para os cursos (explico um pouco melhor depois). As opções são: 
    • Inglês: IELTS (7.0 geral com pelo menos 6.5 em cada banda) ou PTE Academic (65 geral com pelo menos 61 em cada banda). Lembrando que existem restrições a respeito da data de validade dos exames e alguns outros detalhes. Por exemplo, o IELTS precisa ser o academic e, pelo o que ouvi falar, tem um especial para fins de imigração a partir de Novembro de 2015. Eu usei o IELTS apenas na minha seleção pois já havia realizado a prova em Novembro de 2014 (veja os posts clicando aqui). 
    • Francês: DALF (nível B2), TCF (450) ou TEF (585). 
    • Espanhol: DELE no nível intermediário. 
Como só precisei (e só tinha) o teste de inglês, não sei dizer muito sobre os outros. Estes são os requerimentos básicos para se candidatar, mas ainda existem muito outros detalhes. Vamos lá...

Um dos testes possíveis mas não necessário é o GRE (Graduate Record Examination). Não sei até que ponto ajuda mas, assim como o IELTS, havia feito em Novembro de 2014 (veja os posts clicando aqui). 

Além de todos os testes, as seleção também se baseia em 2 aspectos importantes: suas cartas de recomendação e cartas de motivação. Qual o peso de cada? Só eles sabem. 

Sheffield, UK
A respeito das cartas de recomendação não é possível ter tudo pronto até o sistema online abrir, pois elas devem ser anexadas diretamente no site por quem escreve a carta. No caso, você cadastra o email de quem escreverá a carta e eles recebem um link (acredito eu) para anexá-las. No meu caso usei duas cartas consideradas profissionais, mas também é possível enviar cartas acadêmicas como por exemplo de professores. Acredito que nesta etapa o mais importante é selecionar alguém que possa falar bem de você de verdade, e não só uma referência qualquer que você considere importante. 

Sobre as "cartas de motivação", o programa pede duas: motivation & plans e extra information. Não existe informação alguma sobre como devem ser estas cartas mas eu optei por cartas de no máximo uma página para não cansar o leitor. E não, não adianta eu enviar as minhas cartas pois são tão pessoais que a graça toda é que sejam diferentes. Se você fizer uma carta baseada na minha, será só mais do mesmo né? Tenha certeza, mais que absoluta, que não existem erros de gramática/afins. 
 
Outra parte importante do processo é escolher seu mobility track. Para ser elegível a bolsa, é obrigatório escolher cursos em países diferentes para seu primeiro e segundo ano. As opções são: 
Rennes, France
Vou estudar em Sheffield, e de lá vou para o Integration Module em Rennes, na EHESP School of Public Health. Lá todos os alunos do programa passam um tempo antes de seguirem para o segundo ano, o ano das especializações. O mesmo ocorre ao final do segundo ano. 

No mais, o sistema online também exige que você anexe o seu histórico escolar (da universidade), seu diploma e a tradução juramentada dos mesmos. Se sua universidade não fornece estes documentos em inglês, prepare o bolso para uns bons R$ 500,00 a depender do tamanho do seu histórico. 

Após enviar todos os documentos, começa o jogo da espera. No meu caso, o resultado oficial veio no final de Maio. Quaisquer dúvidas, estamos aqui... 


quarta-feira, 1 de julho de 2015

Tag: Minha faculdade - Farmácia na UNESP

Neste momento de procrastinação (tenho milhares de tarefas da IPSF para fazer neste momento mas precisava de uma distração), resolvi responder uma tag que vi no Youtube. Quem sabe ajuda alguém... vamos lá: 

Foto: Francisco Carlos Rocatelli
1. Qual seu curso de graduação? 

Eu fiz (não faço) farmácia na UNESP (Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"), câmpus de Araraquara. É o curso mais antigo da UNESP (junto com a odonto) e um dos melhores do país. 

2. Quantos períodos ele possui e em qual está?

Bom, eu já me formei. Na UNESP, pois isso faria conforme a faculdade, temos 4,5 anos de aulas e depois vem o estágio obrigatório. O tempo para terminar o curso varia muito conforme o estágio pois muitas empresas possuem programas longos, já outras possuem programas curtos. Também é possível realizar o estágio em pesquisa (foi o que eu fiz) e com isso consegui cortar muitas horas durante a faculdade, não sendo necessário esperar até o último semestre. É possível saber mais sobre a estrutura curricular clicando aqui

3. Por que você escolheu este curso?

É uma ótima pergunta. Durante o ensino médio eu cogitei muitos cursos como o Ciências Físicas e Biomoleculares da USP ou química. No 2o ano tentei o vestibular da USP para química e passei! Claro, não adiantava nada e no 3o ano tentei novamente. Neste ano tentei vestibulares para química (USP), farmácia (UNESP) e engenharia química (UFV e UFSCAR). Passei para química e tudo estava lindo. Fui, fiz matrícula, pronto. 

Mas... de alguma forma, eu era a próxima da lista de espera da UNESP. Eu, que não havia estudado nada de biologia o ano inteiro (ok, só o básico), e eu, que estava certa da química. Bom, era o primeiro dia de aula da USP quando fui chamada na UNESP e o alinhamento dos astros me levou a fazer matrícula na UNESP. Até hoje eu não entendo bem como tudo aconteceu... é isso. 

4. Antes de escolher este curso você pesquisou sobre o mercado de trabalho e o piso salarial? 

Sim, pesquisei um pouco mas nada muito detalhado. Como explicado acima, o foco era fazer química e não farmácia. Para você ai que pensa em fazer farmácia, o mercado é super amplo e o curso dá abertura para trabalhar em diversas áreas. 

Vocês podem ver as áreas de atuação no site do CFF (Conselho Federal de Farmácia). Sobre o piso, é complicado levar em consideração. Seu salário pode ser ótimo ou pode ser ok, depende muito da sua área de atuação, experiência, qualificações, etc. 

5. Como foi seu primeiro dia de aula? Tem dicas para calouros? 

O primeiro dia mesmo ou o primeiro dia do trote? Não lembro tão bem de nenhum dos dois, mas eu lembro que a primeira aula que tivemos foi super mega importante. Anotem tudo bixos (= calouros)! No geral o processo foi tranquilo e nada traumático. Seja você mesmo, mas tente participar e não ser super mega tímido.   

6. Sobre seu TCC, já começou a fazer? Qual tema pretende abordar? 

Já comecei, já terminei! Ufa! Eu trabalhei com pacientes com diabetes e alguns genes relacionados ao sistema imunológico (resumindo bem). Foi um trabalho intenso mas valeu a pena, conheci ótimas pessoas e consegui contribuir, mesmo que pouquinho. Na UNESP é possível começar o TCC acredito que no terceiro ano (na verdade não lembro bem) mas eu comecei a trabalhar no laboratório que fiz meu TCC no começo do segundo ano e acompanhei diversos projetos. 

7. Você se considera um bom aluno? 

Eu diria que... sim. Não fui a melhor aluna da minha turma em termos de notas (média, CR, IRA, whatever) mas eu nunca reprovei, nunca peguei recuperação e nunca fiz uma sub (a prova que você faz para substituir uma nota ruim). Tá, que em QF isso foi meio que um milagre mas não fiz recuperação e é isso que conta né? Para os bixos, QF é Química Farmacêutica e na UNESP é uma das matérias mais difíceis do curso.

Se for considerar minha ausência na sala de aula (tanto física quanto mental), eu não era uma boa aluna não. Muitas e muitas vezes perdi aulas por estar viajando (literalmente, mas era quase sempre uma boa causa), em reuniões, etc. Muitas vezes estava na sala de aula em corpo mas com a mente em outro planeta. Acho que no fundo o bom aluno sabe otimizar o tempo e todos nós sabemos que sempre existe aquela matéria que o professor é simplesmente ruim (em termos de didática) e portanto não vale a pena perder o tempo. Eu sempre (sempre mesmo) estava com meu computador durante as aulas. Se a aula era boa, eu anotava tudo e prestava atenção (e ainda buscava informações adicionais no Google sobre a matéria dada). Se a aula era ruim, eu usava meu computador para responder e-mails ou fazer trabalhos que estavam pendentes. Ps: Não digo que isso é o correto, mas é assim que era comigo.

Se for considerar a minha atuação na faculdade, eu era uma ótima aluna. Me envolvi em quase todas as entidades (ex: PET, empresa jr, centro acadêmico etc) de uma forma ou outra. No final das contas acho que foi isso que me garantiu diversas oportunidades, não os 0,5 a mais que o minha média teria caso contrário. Ps: Se sua universidade não tem estas oportunidades, crie!

8. Você está 100% satisfeita com o curso que escolheu?

Sim. Só não curto quando me perguntam qual remédio tomar pois eu não sei isso não (não trabalho com a parte clínica gente). 

9. O seu curso tem algum material específico que não tem nos outros?

Não é que não precise em outros, mas não precisa em todos. Eu tive que ter uma calculadora científica (básica) e jalecos. Tive vários jalecos, outras pessoas conseguiram sobreviver os anos com 1 ou 2, mas eu sou destruidora de jalecos. 

10. Na sua faculdade teve trote? Se sim, como foi? 

Sim e não. Vindo de Juiz de Fora e sabendo como era o trote da UFJF, o trote da UNESP foi super leve. Ainda assim, a cada ano que passa, ele fica mais leve pois mais coisas são proibidas. Acho meio triste pois eram coisas super leves que promoviam a integração, agora se puder jogar água deve ser muito.

11.  Seu curso tem muita matemática?

Não. Temos a matéria "Matemática" mas é super básico, apenas integral e derivada (que nunca mais usei, acredito eu). Fora isso, usamos matemática em estatística e outras matérias como farmacotécnica e toxicologia dos medicamentos. No geral, não é nada complicado.

12. Geralmente nas faculdades existe o ciclo natural de desistência. Isso aconteceu na sua faculdade?

Olha, também não me lembro muitoo bem, mas acredito que poucas pessoas desistiram. Entramos em 70 e não acho que mais de 10 tenham desistido. Claro, a maioria não formou no mesmo período por conta dos estágios, mas isso é outro caso né? 

13. Quais dicas você daria para quem vai começar o mesmo curso? 

Se for na UNESP, diria para entrar nas entidades e aproveitar o que cada uma tem a oferecer. Se não for na UNESP, eu diria para irem para a UNESP. No mais, se organize, pois o curso é pesado, mas não se mate de estudar pois finalizar o curso com 8,9 ou 8,7 não vai mudar tanto a sua vida (eu acho). 

14. Você já ficou de dependência? Possui algum método diferente de estudo? 

Não, nunca fiquei. Acho que meu método era não ter método pois assim eu adaptava conforme a matéria a ser estudada. Nem tudo funciona para todas as matérias, é preciso ser flexível, organizar o tempo e entender a mente de cada professor. Por exemplo, tem professor que é notório por pedir "decoreba", e tem professor por pedir algo mais filosófico: se você estudar da mesma forma para ambas as provas em uma delas você vai fracassar com certeza. Aprenda logo o que funciona e o que não funciona para você.

15. Faça um resumo básico do seu curso para quem tiver interesse em fazer. 

Jura? Que preguiça.

Ps: Pessoas que estudaram comigo, se eu falei besteira, digam nos comentários abaixo. 










domingo, 14 de junho de 2015

Como fazer intercâmbios (ou ir para eventos, reuniões, fazer estágios ...) com bolsa

Depois de um bom tempo sem postar, vou escrever um post que sempre cogitei escrever mas batia a preguiça. Após minhas pequenas férias, acho que vai rolar. Será grande mas vocês podem pular para as partes que acharem mais interessantes (vou listar por destino / atividade). 

Enfim, quem me conhece melhor sabe que eu já morei em alguns países e viajei para uns outros... quase sempre com algum apoio financeiro externo. A pergunta sempre é: mas como faz? Agora com o fenômeno do Ciência sem Fronteiras (CsF) não parece tão distante mas este post serve para as pessoas que:
  • Não podem fazer intercâmbio pelo CsF;
  • Já fizeram intercâmbio CsF e querem fazer outro;
  • Quem quer uma experiência diferente.
Eu sempre tive uma enorme vontade de viajar e conhecer o mundo, passava horas programando o meu "mochilão pela Europa" no primeiro ano da faculdade (tempo sobrando), sendo que eu nem sonhava em conhecer o continente tão cedo. Não demorou tanto assim para a primeira oportunidade de viajar surgir.

Manaus (Brasil) - ENAPET - Julho 2009

Rio Amazonas
Logo que entrei na faculdade me interessei pelo PET (Programa de Educação Tutorial). Demorei algumas semanas para ir na primeira reunião pela timidez, mas em Abril ou Maio já me aventurei. O primeiro evento PET que fui na verdade foi o SudestePET em São Carlos, mas vindo de Araraquara não consigo considerar como uma viagem. Não fui no ENAPET este ano, apesar de ser em Campinas, pois meu primo iria casar. No ano seguinte o SudestePET foi em Uberlândia e lá fomos nós. Foi uma viagenzinha já, mas ainda não era uma viagem com turismo e direito a passeio de avião. 

O ENAPET Manaus aconteceu em Julho, e desde o início do ano eu já era bolsista PET. Não lembro agora o valor da bolsa época, uns R$ 250 ou R$ 300, mas foi o suficiente para pagar minhas despesas em Manaus. Na época meus pais também ajudaram um pouco e a universidade, por ser um evento PET, forneceu algumas passagens (3) ao grupo. Como eram 4 participantes e 3 passagens, até que o valor ficou bem acessível. Eu, e toda minha inexperiência, comprei milhares de presentinhos e coisas inúteis (quase não couberam na mala)... vivendo a aprendendo. 

Conclusão: Se você for participar de um evento ligado à sua universidade ou uma atividade da sua universidade, sempre tente conseguir verba com eles. Neste caso tive pouco envolvimento com o pedido, mas percebi que era algo possível e já peguei um pouco de experiência.

Cambridge (Reino Unido) - Estágio na University of Cambridge - Janeiro 2010

No começo do ano ainda, descobri que meu ex (então namorado) iria passar 06 meses na Alemanha. Eu, que já tinha vontade de ir para a Europa, comecei a pensar: "Bom, é impossível ir a turismo, isso é um fato. Talvez eu possa ir de outra forma." Foi assim que começou a busca por estágios remunerados na Europa, mas no final das contas já estava procurando estágios no mundo inteiro.

Addenbrooke's Hospital, onde ficava o laboratório
que eu trabalhava em Cambridge
Fui pegando o jeito das buscas no Google e aprendi que, ao menos na época, eu deveria procurar por "studentships" ou "internships" + "undergraduate" + área de interesse. Após alguns milhares de emails (ok, nem foram tantos assim) recebi uma resposta semi positiva de um professor português do Centre for Trophoblast Research da University of Cambridge

Acho que agora eles nem possuem o programa mais mas na época pagavam cerca de 100 libras por semana (posso estar viajando, mas acho que era algo do gênero) para os estagiários. Você deve estar pensando ai: "Mas 100 libras por semana em Cambridge não paga todas as suas despesas". Bom, em uma situação normal realmente não, mas eu tive muita sorte. Não sei exatamente o motivo, mas meu orientador estava pensando me recepcionar estudantes na casa dele e queria um "cobaia" (isto é, eu). Ele me convidou para ficar com a família dele (esposa, filha e filho) sem qualquer custo. Muitas vezes eles ainda pagavam meu jantar (por mais que eu quisesse pagar, eles não deixavam). Neste caso as 100 libras eram mais que suficientes para todos os meus gastos em Cambridge e ainda conseguia fazer uns mini-passeios nos finais de semana para Londres, Oxford (na casa de uma amiga do laboratório), Oslo (promoção da Ryanair), etc. 

No caso o que tive que pagar por fora foi a passagem aérea, mas, se não tivesse optado por viajar, teria sido possível usar o dinheiro do "salário" para ajudar a pagar a passagem. Na época, meus pais me ajudaram. O dinheiro da bolsa PET que havia juntado durante o ano também ajudou com os custos dos passeios (poderia ter usado para a passagem, se fosse o caso).

Conclusão: As vezes o que precisamos é um objetivo e muitas horas de buscas no Google e enviando emails. Isso e uma mente aberta. Tem uma grande chance que você encontre uma oportunidade bem legal, mesmo que não seja 100% o que você estava esperando. Existiam outras bolsas com outros requisitos que davam mais auxílios aos estagiários (especialmente nos EUA), mas no meu caso essa que deu certo. 

Uma coisa que você deve estar se perguntando agora é: mas e o inglês? Bom, quando eu tinha 8 anos meu pai foi fazer pós doutorado nos EUA e eu, claro fui junto. Foi assim que aprendi inglês e... assim foi. 

"E se eu não tive essa oportunidade?". Bom, uma amiga minha da faculdade, a Nathalia Vieira (quem sabe ela conta a história dela depois) não teve. Ela aprendeu inglês sozinha com a internet e os jogos de videogame. Importante é ressaltar é que muita gente não fala inglês bem e mesmo assim conduz pesquisas no exterior. Pode parecer incrível, mas nada é impossível. Claro, você precisa saber pelo menos a um nível intermediário, mas não precisa ser fluente não dependendo da situação (tem bolsas e bolsas). 

Vigelandsparken, Oslo
Outra pergunta comum é: "Mas como é o processo para conseguir isso?". Varia muito, é a melhor resposta. No meu caso foi até que bem informal, no entanto, tive que providenciar algumas cartas de recomendação que foram do meu tutor do PET e da minha orientadora de estágio em laboratório (só comecei lá por conta deste estágio na verdade). Como toda a comunicação inicial foi em inglês e eu havia mencionado as minhas experiências, nenhum documento adicional foi necessário. 

Conclusão 2: Temos que trabalhar com o que temos, e o que não temos nós criamos. Eu sabia o inglês, mas não tinha experiência em laboratório ou com genética (e nem tinha uma pessoa para escrever minha segunda carta de recomendação). Por isso, comecei um estágio no Brasil no laboratório de genética da UNESP com a professora Raquel. No final das contas, fiquei todos os meus anos de graduação neste laboratório e ainda fiz meu TCC lá. 

Conclusão 3: Contatos na faculdade são muito importantes. Não ser um bom aluno tem sim suas desvantagens e não são apenas as notas que ficam marcadas no seu histórico. Além disso, participar de atividades extra-curriculares abrem portas bem maiores do que podemos imaginar. 

Viajando pelo Brasil com o PET:
  • Rio de Janeiro (Brasil) - SudestePET 2010
  • Natal (Brasil) - ENAPET 2010
  • Águas de Lindóia (Brasil) - I Fórum USP-UNESP de Educação Tutorial 
  • Curitiba (Brasil) - Intercâmbio PET com a UFPR
  • Alfenas (Brasil) - SudestePET 2011
  • Palmas (Brasil) - ECONPET 2011
  • Maceió (Brasil) - ENEPET 2011
  • Goiânia (Brasil) - ENAPET 2011
  • Vitória (Brasil) - SudestePET 2012
Agora vou tentar resumir a minha trajetória pelo PET (saiba mais sobre o PET aqui) e mostrar como consegui bancar todas as viagens (e mais uma, que explico no final). No evento SudestePET 2010 no Rio de Janeiro, ocorreram as eleições para o Conselho da CENAPET. Estive presente no ENAPET 2009 em Manaus em que assunto foi o estatuto e por isso tive alguma noção do que se tratava. Concorri e fui eleita para o Conselho, sendo representante discente da região Sudeste. Neste caso minha função só começaria após o ENAPET 2010 em Natal. Como ocorreu no ano anterior, a universidade novamente ajudou a custear algumas passagens e com o dinheiro da bolsa pagamos o resto (acredito que tivemos aumento da bolsa neste meio tempo). Alias, a bolsa PET ajudou a custear todos os eventos mencionados neste longo post, então não vou repetir isso sempre ok? 

Parque das Dunas, Natal
Após assumir em Natal, e tendo conhecido lá algumas pessoas mais experientes nestes assuntos de conseguir dinheiro alheio (aka Daniel), enviei junto com o Sacola (Eduardo, na época da CENAPET) um pedido para a reitoria para ir nos eventos regionais do PET em 2011. Vale ressaltar que nesta época já havia sido eleita pelos membros do conselho como Presidente do Conselho da CENAPET.

A reitoria da UNESP retornou com o nosso pedido bem na época do Natal dizendo seria possível ajudar com metade do valor mencionado (cerca de R$2500) e as faculdades poderiam ou não ajudar com o restante. A minha faculdade disse que ajudaria com 1/4 e a faculdade do Eduardo disse que ajudaria com a outra metade. 

Pouco depois dessa notícia, o PET havia programado já um intercâmbio com o PET Farmácia da UFPR e lá fomos nós para Curitiba. Não houve nenhum auxílio da universidade neste caso, mas ficamos na casa da tutora do PET deles e a passagem custou um total de R$ 80 ida e volta (foi logo que começou a Webjet). 

Voltando do intercâmbio começaram os eventos: Maceió, Palmas, Alfenas e por fim Goiania. No final, ainda sobrou do meu dinheiro com a universidade e pedi para usar no Encontro Nacional de Estudantes de Farmácia em Fortaleza, e eles deixaram! Eu diria que em cada viagem eu gastei no máximo uns R$ 200 do meu bolso com alimentação sem nota fiscal (pois tinha reembolso caso houvesse a nota fiscal eletrônica) e qualquer outra bobeirinha/turismo que a gente conseguisse encaixar (sempre respeitando a nossa obrigação de estar lá representante a CENAPET, com a verba da UNESP). 


Intercâmbio PET em Curitiba
Conclusão: O "não" você já tem! Eu poderia não ter pedido dinheiro para a universidade, e nunca teria tido estas oportunidades. Eu poderia ter deixado a verba que sobrou, mas resolvi pedir novamente (nessa época eu já estava BFF das pessoas envolvidas no processo né?) e novamente eles aceitaram. 

Conclusão 2: É impossível ganhar qualquer coisa sendo um vagabundo que não faz nada. Ok, não impossível, mas mais complicado no mínimo. Se eu não tivesse sido eleita para o Conselho e estivesse fazendo meu trabalho, eu provavelmente não conseguiria essa verba com a universidade.

No ano seguinte ainda fui para Vitória (de ônibus, foram lá suas 20 e tantas horas) no SudestePET. Eu iria neste ano ao ENAPET em São Luis mas o destino não permitiu (aka CsF).

Camrose (Canadá) e Edmonton (Canadá) - Intercâmbio pelo CsF - Setembro de 2012 até 2013

O ano de 2012 seria o ano que eu deveria, no meio do ano, fazer meu estágio curricular final. Mas também foi o ano do "boom" do CsF. O primeiro edital que eu tentei foi para os EUA, gastei uma grana com o TOEFL para levar um pelo não de quem? Da UNESP. O edital exigia no máximo 80% dos créditos concluídos e eu teria na época da viagem 80,5%. A UNESP sendo bem rígida não aprovou o meu processo (sim, pelos 0,05%). Tentei argumentar que largaria uma matéria para ficar abaixo dos 80% mas não teve choro.

Banff, Alberta, Canadá
Alguns meses depois, uns 2 talvez, saíram novos editais e desta vez eles permitiam até 90%. Eram muitas opções e escolhi o Canadá, edital CALDO. Eu fiquei na dúvida entre os dois editais mas escolhi o do CALDO pela garantia de que iria para universidade boa. 

Se a experiência nos EUA teria sido melhor eu não sei, mas com certeza minha experiência no Canadá foi incrível! Além das matérias que consegui cursar, as quais ajudaram muito no meu "entendimento de mundo" (pois não eram as típicas matérias de farmácia voltadas para a parte científica), conheci lugares incríveis e pessoas maravilhosas. Apesar de Alberta ser um pouco isolada (na verdade tudo no Canadá é praticamente já que o país é enorme), conhecemos Banff, Drumheller, Edmonton (onde morei para realizar meu estágio no Alberta Diabetes Institute), Vancouver, San Francisco e San Diego (os 3 últimos durante o recesso de final de ano). 

Sr. Secretary-General, Ban Ki-Moon
Durante meu tempo no Canadá também consegui uma oportunidade de ir a um evento incrível, o CSW57 (fifty-seventh session of the Commission on the Status of Women) que ocorreu em Nova York. Foi minha primeira experiência em um evento da ONU e espero que a primeira de muitas. Viajar do Canadá para NY é com certeza muito mais viável que viajar para lá do Brasil, então... E meu irmão tinha umas milhas ainda. 

Conclusão: Não desista se de primeira não der certo. Pode dar certo depois, e ser melhor ainda.

Holanda / Bélgica / Disney Paris - Congresso da IPSF - Agosto 2013

Logo que eu cheguei no Canadá, me envolvi com a IPSF (International Pharmaceutical Students' Federation) pois o Lucas da UNESP estava envolvido e achei interessante. O congresso da IPSF seria na Holanda no ano seguinte e bom, ir para a Holanda é caro, e o congresso da IPSF mais caro ainda (ok, um pouco menos, mas ainda caro). 

Utrecht, Holanda
A minha universidade no Canadá tinha um programa de auxílio e em Outubro de 2013 (pois é, logo que cheguei) me inscrevi e olha só: ganhei o valor máximo de auxílio! O auxílio não cobriu todos os custos do congresso + LIT (pre-evento, o Leaders in Training) + passagem, mas ajudou muito. Economizando um pouco aqui e ali, mais umas milhas para a passagem, no final deu tudo certo. Com mais um pouquinho de economia ainda consegui nessa viagem conhecer a Bélgica e a Disney em Paris (péssima!). Lá na Holanda também fui eleita para o cargo de Regional Projects Officer do escritório Pan Americano da IPSF, o que abriu mais portas. 

Conclusão: Pode parecer absurdo, mas tente! Imagina eu, 1 mês de universidade e nem era uma "aluna" oficialmente lá (era pelo intercâmbio), ainda assim consegui um bom auxílio para ir no evento da IPSF. 

San José (Costa Rica) - Estágio na Sanigest - Março 2014

Cheguei do CsF sem rumo. Na verdade, eu terminei meu TCC e colei grau, e então fiquei sem rumo. Neste meio tempo eu sequer sabia exatamente o que fazer da vida e uma amiga da IPSF havia recomendado a empresa de consultoria Sanigest International para um estágio. Fui dar uma chance e mandei um email, já que o site não tem tantas informações. 

Manuel Antonio, Costa Rica
Para a minha surpresa, meu email foi muito bem recebido e melhor ainda, o estágio oferecia um auxílio de US$ 600 para passagem aérea e US$ 600 mensais. O valor da passagem seria quase suficiente se eu não tivesse feito uma volta louca para participar da World Health Assembly em Genebra na Suiça (fiz uma parada em Atlanta no caminho ainda). 

O valor mensal é suficiente se você morar perto mas dividir quarto em um albergue ou morar longe. Não será suficiente para ficar viajando mas só San José já tem inúmeras atividades para os finais de semana livres. Viajar também não é tão caro, caso você consiga levar um dinheirinho reserva. Consegui ir para Manuel Antonio (costa oeste), Cahuita (costa leste), ao vulcão Irazú e ao vulcão Arenal (local conhecido pelas águas termais). Enquanto em Cahuita, conheci o Sloth Sanctuary, que era um sonho. Agora preciso voltar para conhecer pelo menos Tortuguero. 

Conclusão: Dê uma chance para as empresas e locais desconhecidos. A experiência pode ser incrível tanto a nível profissional quanto pessoal. A Costa Rica é uma país lindo e se eu puder, volto um dia para conhecer melhor. A empresa em si é super aberta aos estagiários e dão tarefas reais para eles (não é no estilo "busque o café"). 

Posts no blog sobre a Costa Rica: 


Bangkok (Tailândia) - Congresso da FIP - Setembro 2014

Ainda na Costa Rica descobri a oportunidade de uma bolsa para ir ao congresso da FIP (International Pharmaceutical Federation). Sabe aqueles emails que você recebe e nunca dá muita bolsa? Pois é. Se tratava de um auxílio novo chamado Ton Hoek Scholarship for Global Leadership

Esse eu tinha certeza que não daria certo pois na minha mente eu não preenchia os pré-requisitos
estabelecidos. Mas tentei. Acabou que não só eu preenchia os pré-requisitos como eles gostaram dos meus argumentos e me escolheram. No congresso tive até que subir no palco para receber um prêmio, foi complicado. 

Na Tailândia só fiquei mesmo em Bangkok pois entre essa e outras viagens, aquela graninha extra das bolsas não estava rolando mais. Ao menos consegui conhecer vários dos templos da cidade e ficar com um gostinho para voltar e conhecer as praias. Quanto aos gastos pessoais na Tailândia mesmo, estes foram mínimos. Tudo referente ao congresso (inscrição, hotel, alimentação, etc) foram pagos pela bolsa. Fora isso, fiquei apenas 2 dias a mais e como devem saber, a Tailândia é um país bem barato. 

Conclusão: Essa vai além do "o não você já tem". Na verdade quando os pré-requisitos são estabelecidos, eles vão com a interpretação de quem os estabelece. Talvez você se julgue de uma forma e a pessoa lendo os seus documentos interpreta de outra. Ou então, ela pode simplesmente ignorar os tais pré-requisitos pois gostou de outras coisas que você tem para oferecer. Seja qual for o caso, não se deixe levar pelo o que dizem ser necessário (exceto se for realmente muito absurdo, por exemplo, pedem doutorado e você está na graduação). 

Conclusão 2: Eu sempre quis ir no congresso da FIP mas pensa, eu ir parar na Tailândia? Jamais que teria dinheiro para isso. Assim, procurei nos meus emails todos os que vinham da FIP e olhei todas as opções que o site oferecia. Uma hora achei um, bateu, deu certo, e todos foram felizes para sempre. 

Holanda Outubro 2014 - Genebra Maio 2015 - India Julho/Agosto 2015

Lembra quando eu falei que era uma pessoa de sorte? Pois é. No congresso da IPSF na Holanda eu conheci uma menina dos EUA e somos amigas até hoje. Eu atualmente ocupo o cargo que ela ocupava ano passado de Chairperson of Public Health e eu ajudei muito, muito mesmo. Eu disse que não poderia me candidatar a este cargo pois não teria como ir nos eventos/reuniões, e ela disse para não me preocupar.

Bom, no congresso em Porto fui eleita e a primeira reunião seria em Outubro na Holanda. Não tinha planos de ir até que ela vira e fala que pagaria minha passagem. Opa, como assim? É... eu não sei bem mais o que dizer além disso mas ela ofereceu de pagar e eu aceitei. 

Reunião da IPSF na Holanda
Achei que seria isso e em Dezembro comecei a trabalhar na Belvitur (uma ótima agência de viagens, super recomendo!). Sempre quis ver como era a área e agora seria a melhor hora para ver se é algo que eu gosto ou se era mesmo farmácia. Bom, chegou perto da WHA (World Health Assembly) e recebi a proposta, da mesma amiga, de ir (tendo algumas tarefas a serem executadas lá). Foi o momento de escolher e escolhi ir no evento (e tentar o mestrado em Saúde Pública - já falo dele) e sair da Belvitur. Eu amei trabalhar lá mas no final das contas, tive que decidir. 

Agora, também já emitimos a passagem para o congresso da IPSF na India. 

Conclusão: Contatos, contatos, contatos. Não tem muito mistério pois realmente foi muita sorte conhecer uma pessoa tão generosa assim e que me proporciona oportunidades tão incríveis. Claro, nos EUA eles ganham mesmo muito bem sendo farmacêuticos mas acredito que a maioria não pensaria em ajudar uma pessoa de outro país cujo salário é bem menor. 

Conclusão 2: A cada escolha, uma consequência... é a vida. 

Planos do Futuro Próximo: Erasmus e AMEE Conference

Com o trabalho da IPSF, acabei trabalhando também com a IFMSA (estudantes de medicina) e enviamos um abstract de workshop para a AMEE Conference que ocorrerá em Glasgow em Setembro. O abstract foi aprovado mas faltava a verba, até que me candidatei para a Student Taskforce do evento em que os alunos recebem 500 euros para os gastos (o que claro, não cobre as despesas né?). Pois é, falei que não poderia ir ao evento com o auxílio de 500 euros exceto se tivesse outra forma de financiar a ida. 

Pois bem, eu havia me inscrito para o Europubhealth, o mestrado em saúde pública do Erasmus. Se fosse aprovada a bolsa, meu primeiro ano seria em Sheffield (UK) e o segundo ano em Paris (França). No dia limite para dar a resposta sobre a AMEE Conferece, recebi a resposta positiva sobre o Erasmus! Faltando no máximo 5h!! 

A bolsa Erasmus é de 1000 euros por mais além de um auxílio inicial para os gastos com visto, passagem e afins. O problema, claro, é que o dinheiro só vem quando eu chegar na Inglaterra mas... a gente se vira de alguma forma. Então, em Setembro, me mudo para o Reino Unido e fico na Europa (com bolsa!) até mais ou menos Agosto de 2017. 


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Comentários finais:

Sim, tive sorte em muitos aspectos e tenho pais que podem facilitar um pouco o processo sim. Mas, como vi em um TED Talk hoje mesmo: "We don't have a lack of resources, we have a lack of resourcefulness". Em muitos aspectos meus pais não me ajudaram e nem poderiam ajudar, e nem por isso eu deixei de buscar formas para que as coisas acontecessem. 

Eu conheço pessoas em situações financeiras piores que as minhas mas que nem por isso se abalam ou deixam de buscar (e alcançar) seus sonhos. Gente que vivia, literalmente, com a bolsa PET (~ R$ 300). A jornada pode ser mais complicada mas você chega lá. Antes que falem "Mas e a pessoa que passa fome e não pode pagar nem o bus para a faculdade?". Olha, realmente, essa pessoa terá dificuldade, não nego não. O que quero mostrar aqui são algumas formas de alcançar seus objetivos mas elas deverão se adaptadas à realidade de cada pessoa. O que não pode acontecer é ficar parado e esperar que tudo dê certo, pois isso não acontece não... sei lá, talvez se você nasceu em um berço de ouro pode ser. 

Caso tenham dúvidas ou queiram saber mais sobre alguma das experiências especificamente, só deixar um comentário aqui no blog que eu respondo. Boa sorte a todos na busca de o que quer que estejam buscando, seja um intercâmbio, uma ida a um congresso, um estágio, etc. 

Genebra







Série de Vídeos: Mestrado Erasmus

Como estou de férias no Brasil, resolvi usar o tempo livre para gravar alguns vídeos sobre a minha experiência deste primeiro ano no Erasmu...